Então,
vamos começar. Como eu já disse, as telas comercializadas no Brasil já vêm
impermeabilizadas, mas é sempre bom dar uma demão a mais. Para isso, vamos usar
uma fina camada de gesso acrílico diluída em água e passada com pincel chato
macio. Para que ela seja homogênea, façamos pinceladas cruzadas, ou seja, para
cada pincelada horizontal, damos uma vertical sobre ela, em movimentos rápidos,
girando o pincel a cada vez. Façamos isso de uma ponta a outra da tela, com
calma, sem pressa. Também podemos usar goma laca para isso. É uma substância
vendida em escamas (marrom escura, parecida com casca de barata, por isso é
conhecida por esse nome), que deve ser diluída em álcool absoluto (com concentração
de 98% ou mais). Ambas as substâncias podem ser compradas em lojas de materiais
de construção. Misturamos cem gramas de goma laca com um litro de álcool
absoluto em um frasco, tampamos o frasco e deixamos diluindo por, mais ou
menos, um dia. Outro maneira é usando tinta a óleo ou acrílica branca, passando-a
da mesma forma que passaríamos o gesso acrílico. Em vez de pincel, podemos usar
um pequeno rolo de espuma, desses de pintor de paredes. Deixamos a tela secar
inteiramente antes de começarmos a pintar. A impermeabilização serve para que
consigamos deslizar o pincel pela tela, fazendo os diversos efeitos que a
pintura a óleo ou acrílica nos proporcionam. Além disso, a tela sem primer
absorveria muita tinta. Esse processo serve tanto para telas como para madeiras
e outras superfícies porosas, desde que esses poros não sejam grandes demais.
História da Arte, técnicas de pintura, teoria da arte, teoria das cores, ensaios críticos sobre arte, dicas sobre pintura.
terça-feira, 20 de março de 2012
segunda-feira, 19 de março de 2012
Materiais de pintura V (espátula, paleta, cavalete, etc)
Espátula
Instrumento
com extremidade achatada e larga, feito de madeira, metal ou plástico usado
para espalhar massa acrílica ou tinta pela superfície da tela ou de outro
suporte. Pode ser usado para criar texturas usando gesso acrílico ou a própria
tinta não diluída. Há vários tipos de pontas e diferentes numerações.
Paleta
Instrumento
usado como suporte e mistura das tintas antes de aplicação na tela. Há de
diferentes tamanhos e materiais, sendo que a mais comum é um sigmóide de
madeira ou plástico com um orifício para o apoio do polegar. As tintas são
dispostas seguindo um padrão próprio do artista ou da obra a ser pintada,
geralmente da mais clara para a mais escura, ou vice-versa, ou divididas entre
vivas e pastéis.
Cavalete
Instrumento
articulado e regulável, geralmente de madeira, que serve para se apoiar a tela
ou outro suporte reto na posição (inclinação) e altura adequadas para o pintor.
Os principais tipos são o de estúdio, o de camping, o de mesa e o de maleta.
Godê
Recipiente
pequeno, de cerâmica, vidro ou metal, simples ou duplo, que é usado para o
solvente e o médium de pintura; em pintura a óleo são terebintina e óleo de
linhaça respectivamente; em pintura acrílica, somente água.
sábado, 17 de março de 2012
Materiais de pintura IV (vernizes, primer etc)
Primer
Toda
tela de pintura artística vendida no mercado brasileiro atualmente já vem impermeabilizada
com uma fina camada de primer, uma substância largamente usada na preparação
das superfícies que irão receber tinta. Nesse caso, usa-se o gesso acrílico
diluído em água. Mesmo assim, é recomendável que se aplique uma camada a mais
antes de pintar. Também podem ser usadas tintas a óleo, acrílica ou látex
brancas ou goma laca (comprada em escamas em lojas de materiais para construção
e diluída em álcool absoluto).
Terebintina
Essência
da resina extraída do terebinto, usada como solvente de tintas e vernizes.
Serve para diluir tinta a óleo e para limpar os pincéis depois de pintar com
essa tinta. Também forma o médium dessa tinta.
Óleo de linhaça
Óleo
extraído da semente de linho, usado como aglutinante da tinta a óleo. Também
usado para compor o médium dessa tinta.
Verniz
Solução
resinosa, natural ou sintética, de secagem rápida, usada como revestimento de
superfícies (de madeira, couro, cerâmica etc.), formando uma película dura,
aderente e brilhante.
Há
muitos tipos e para diversos usos. Para pintura a óleo é recomendado o verniz
cristal legítimo; para acrílica, o verniz acrílico. Também há o acrílico fosco,
o mordente, geral e em spray.
Gesso acrílico
Pasta
composta por resina acrílica branca diluída em água. Usada para impermeabilizar
telas, madeiras e outros suportes porosos para pintura. Também serve para criar
texturas. Tem acabamento fosco, opaco e é de secagem rápida.
Médium
Solução
de óleo de linhaça com terebintina usada para diluir tinta a óleo, dar mais
brilho, mais transparência e retardar ainda mais a secagem. Geralmente é feito
pelo próprio pintor. Para pintura acrílica, é comercializado um médium
específico.
sexta-feira, 16 de março de 2012
Materiais de pintura III (telas e outros suportes)
O
primeiro suporte que o homem usou para pintar foi a parede da caverna em que
morava, ele misturava terra, argila, ossos calcinados e carvão vegetal com
sangue, gordura e excrementos e usava isso como tinta .
Quase como um consequência natural disso, os egípcios passaram
a pintar as paredes dos palácios e dos templos na Antiguidade, usando têmpera
(mistura de pigmentos com ovo e caseína) ou encáustica (mistura de pigmentos
com cera derretida).
Os cretenses inventaram o afresco, essa técnica consistia
numa tinta formada por pigmentos diluídos com água aplicada sobre uma parede
que havia recebido uma camada de argamassa úmida.
Os gregos aperfeiçoaram a arte da pintura em cerâmica, os
romanos tornaram o mosaico (técnica de desenhar colando pedaços de pedras
coloridas em uma parede) o mais expressivo representante de sua arte, e os bizantinos
começaram a aplicar a encáustica sobre madeira.
Na Idade Média, artistas góticos decoraram as igrejas com
vitrais (técnica de desenhar com pedaços de vidro colorido em uma janela) e monges
escribas e desenhistas ilustraram os documentos religiosos com iluminuras
(desenhos e decorações feitas em pergaminhos manuscritos), pintores colocaram
dobradiças nas placas de madeira que eles pintavam, unindo-as e criando os retábulos.
Depois de tantos séculos de predomínio do afresco e da
têmpera, os artistas flamencos começam a usar a tinta a óleo com cada vez mais
afinco e, por volta do século XIV, artistas venezianos tomaram a iniciativa de
optar pelas telas, com as quais passaram a pintar em seu próprio ateliê,
levando a obra depois de pronta para o local em que seria exposta.
A tela é, basicamente, um esquadro de madeira em que se
estica um tecido de algodão ou linho (na maior parte das vezes, a lonita, um tecido
de algodão de trama muito cerrada, mas não tão encorpado e grosso como a lona),
que é preso por grampos na parte de trás e sobre o qual se passa um
impermeabilizante (o primer, geralmente gesso acrílico diluído em água).
Atualmente existem vários tamanhos e formatos de tela, mas os mais usados são o
retangular e o quadrado. Também há um outro tipo de tela, o painel, cuja
esquadria é mais grossa e que não precisa de moldura quando pintado. Esse é, de
longe, o suporte mais empregado em pintura hoje em dia.
Materiais de pintura II (pincéis)
O
uso dos pincéis em pintura remonta à pré-história, mas foi principalmente na
China, duzentos anos antes de Cristo, que o pincel se propagou como instrumento
de desenho e de escrita. Os desenhistas chineses trocaram a cana pelo bambu,
prendendo tufos de pelos bem aparados numa das extremidades deste. Utilizado na
Grécia e no Egito antigos, ele marcou o nascimento da arte ocidental até o
surgimento da pluma, na Idade Média, quando passou a servir mais para o retoque
e a pintura que para o desenho.
Mesmo atualmente, a produção do
pincel continua a ser quase totalmente manual, à exceção de máquinas simples,
como a que fixa a virola ao cabo ou a que faz a impressão da marca do pincel no
cabo.
Os pelos do pincel provêm de diversos
animais: esquilo, texugo, doninha, mangusto quati, mas os mais comuns são de
orelha de porco (cerdas, usados principalmente para tinta a óleo), de marta
(vermelha ou tropical, usados para tintas mais ralas ou para detalhes com tinha
a óleo) e de pônei (usados em pincéis escolares). Atualmente também é muito
comum pelos sintéticos de nylon extrudado, geralmente para pincéis escolares ou
artísticos dos mais baratos. Há também os color shaper, que tem ponta de
borracha e servem para pinturas especiais.
O cabo do pincel pode ser de madeira
(melhores e mais caros) ou de plástico (mais frágeis e baratos). Podem ser de
madeira crua e não tratada ou de madeira de lei e tratada. A madeira é selada e
laqueada, para dar ao cabo um acabamento de alto brilho e resistência à água,
sujeira e inchamento. Os cabos curtos servem para aquarela, guache, nanquim e
artesanato; os cabos longos servem para pintura a óleo e acrílica.
As virolas, cintas metálicas que
prendem os pelos ao cabo, podem ser de alumínio polido, latão cromado,
niquelado ou cobreado, cobre, níquel ou aço niquelado.
Tamanhos de pincéis
Os tamanhos mais comuns de pincel
vão de 000 a 20, mas há mais finos, bem como mais grossos.
Tipos de pincéis
Eis uma lista de todos os tipos
atualmente no mercado, vale lembrar que os redondos (rounds) e os chatos curtos
(short brights) são, de longe, os mais usados e servem bem para cobrir qualquer
necessidade de um pintor de quadros.
Chatos:
Chato longo (Stroke)
Chato curto (Short Bright)
Quadrado (Bright)
Plano (Flat)
Língua de gato (Filbert)
Chanfrado (Angular)
Leque (Fan)
Trincha (Paint brush)
Trincha longa (Spalter)
Pelenesa (Gilder's Tip)
Redondos:
Redondo (Round)
Redondo curto (Spotter)
Redondo longo (Liner)
Ponta chata (Showcard)
Chanfrado (Striper)
Pituá (Mop)
Broxa ou Batedor (Stencil)
Gafo (Pipe)
Os cuidados com os pincéis
Nunca
mergulhe completamente o pincel na tinta, fazendo com que penetre um pouco dela
entre os pelos e a virola, pois esse é um lugar muito difícil de lavar e sempre
acaba sobrando um pouco de tinta aí que, quando seca, eriça os pelos do pincel
e o inutiliza.
Sempre lave o pincel após o uso,
limpando primeiro o excesso de tinta num pano seco, mergulhando o pincel em
terebintina (se estiver pintando a óleo) ou em água (se estiver pintando a
acrílica, aquarela, nanquim ou guache), fazendo movimento vigorosos para tirar
todo o restante da tinta, secando-o em um pano seco e guardando-o com os pelos
para cima em um recipiente aberto (um vidro ou um porta-pincel).
Nunca o guarde com os pelos para
baixo. Pode guardá-los também na horizontal, dentro de um estojo ou entre dois
panos secos.
Lembre-se:
cuidando bem de seus pincéis, eles podem durar por muito tempo.
quinta-feira, 15 de março de 2012
Materiais de pintura I (tinta a óleo)
A
tinta a óleo é uma mistura de pigmento pulverizado e óleo de linhaça ou
papoula. É uma massa espessa, de consistência cremosa, que já vem pronta para o
uso, embalada em tubos ou em pequenas latas. Dissolve-se com óleo de linhaça ou terebintina para
torná-la mais diluída e fácil de espalhar. O óleo acrescenta brilho à tinta; o
solvente tende a torná-la opaca.
A
grande vantagem da pintura a óleo é
a flexibilidade, pois a secagem lenta da tinta permite ao pintor alterar e
corrigir o seu trabalho. A tinta a óleo pode ser usada sobre tela, madeira ou
estuque e ser aplicada com pincéis ou espátulas de diversos tamanhos e
formatos.
A
invenção da tinta a óleo é atribuída a Jan Van Eyck em um livro de Cennino
Cennini de 1437, mas a verdade é que ela já era conhecida de outros pintores,
que usavam azeite de oliva, óleo de nozes, cera de abelhas e diversas outras
misturas. O retrato do casal Arnolfini é considerado umas das primeiras e mais
representativas obras com essa técnica.
Atualmente,
existem diversas marcas no mercado, nacionais e importadas, com uma variedade
de cores. As importadas geralmente usam pigmentos naturais e, por conta disso,
são mais caras. Na verdade, o preço varia de acordo com a cor devido ao valor
do pigmento usado. As nacionais costumam usar pigmento industrial, que é mais
barato. Uma boa paleta pode ser composta com ambos os tipos de tinta,
dependendo dos efeitos que se deseja. O que se deve evitar são as muito
baratas, pois contêm cal em sua composição, o que deixa a cor muito opaca e sem
vida, além de interferir na tonalidade.
quarta-feira, 14 de março de 2012
Pintura o quê?
Pintura figurativa (figuração, figurativismo)
É um
tipo de pintura que tem por tema pessoas, objetos, plantas, animais ou
paisagens (internas e externas), de forma realista/naturalista ou estilizada. Nela
se pode distinguir a figura (ou figuras) do fundo, mesmo que, em certos estilos
isso seja mais difícil que em outros. Ela procura representar o mundo real
externo ao homem, mesmo que transformado pelo modo de ver de cada artista, pelo
seu estilo pessoal. Exemplos de pintura figurativa realista são o renascimento,
o barroco, o realismo, o neoclássico, em que a capacidade
de imitação do real era uma qualidade valorizada no artista. Exemplos de
pintura figurativa estilizada são o impressionismo, o surrealismo, o
expressionismo, em que o estilo próprio do autor, seu modo de ver a realidade
que ele representa, são fundamentais.
Pintura abstrata (abstração, abstracionismo)
Pintura abstrata é aquela que não representa o mundo real
(ou seja, ela é não representacional), em vez disso, ela expressa o mundo
interior do artista através da tessitura de relações entre as características específicas
da pintura: linhas, cores, formas, planos, superfícies, compondo uma realidade interna
à obra.
O abstracionismo
se subdivide em lírico e geométrico.
O abstracionismo
lírico foi influenciado pelo expressionismo e inspirava-se no instinto, no
inconsciente e na intuição para construir uma realidade imaginária ligada a uma
necessidade interior. Como usava de formas orgânicas e a linha de contorno era
muito evidente, esse estilo era ainda muito figurativo.
Wassily Kandinsky foi seu mentor.
O abstracionismo geométrico foi influenciado pelo cubismo e pelo futurismo e se baseava mais na racionalização da realidade, numa análise intelectual e científica dessa. Ele se subdivide em suprematismo e neoplasticismo.
O suprematismo
defende uma arte livre de finalidades práticas e comprometida com a pura
visualidade plástica, tratando de romper com a imitação da natureza, com as
formas ilusionistas.
Kazimir Malevich
foi seu mentor.
O neoplasticismo se organiza em torno da necessidade de clareza, certeza e ordem e tem como propósito central encontrar uma nova forma de expressão plástica, liberta de sugestões representativas e composta a partir de elementos mínimos: a linha reta, o retângulo e as cores primárias (azul, amarelo e vermelho), além do preto, do branco e do cinza.
O neoplasticismo se organiza em torno da necessidade de clareza, certeza e ordem e tem como propósito central encontrar uma nova forma de expressão plástica, liberta de sugestões representativas e composta a partir de elementos mínimos: a linha reta, o retângulo e as cores primárias (azul, amarelo e vermelho), além do preto, do branco e do cinza.
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